A Internet no Brasil

Discussão em 'Arquivos antigos' iniciado por Fernando Zimmermann, 28 de Junho de 2004.

  1. Fernando Zimmermann

    Fernando Zimmermann Administrador

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    A Internet no Brasil

    O Brasil é, para a surpresa de muitos (inclusive dos próprios brasileiros), uma das maiores potências da internet mundial.

    Foi divulgado recentemente no Fantástico que os brasileiros passam mais horas conectados que os americanos, o berço da rede mundial.

    Há comunidades virtuais para todos os tipos e gostos, desde blogs sobre os mais variados e inusitados assuntos até comunidades acadêmicas, que trocam informações de alto nível. Pense sobre algo que lhe interessa. Há uma comunidade, brasileira ou integrada por brasileiros, que discute tal assunto, com periodicidade.

    Como o Brasil, país de terceiro mundo, se destaca tanto na área mais competitiva, em expansão, e avançada tecnologicamente?

    Certamente um dos fatores de peso é a gratuidade da maioria dos serviços disponíveis na internet. Fosse cobrado um real qualquer dos serviços prestados na net, o panorama seria outro.

    Sendo gratuito, é possível verificar se determinada função que a internet coloca à disposição é interessante. E uma vez inscritos em uma comunidade, deparamo-nos com a chance de obtermos conhecimentos a todo instante, retirados dos próprios membros da comunidade.

    Mas o fato é que a internet não é de graça somente aqui. O é na maioria absoluta dos países. Qual é o diferencial, o que atrai tanto os brasileiros na internet?

    A falta de legislação específica sobre o assunto. No Brasil, a internet é praticamente terra de ninguém. Quase nunca se pune algum delito cometido na rede, ou na computação em geral. Duvido que você que está lendo não tenha algum programa pirata ou falsificado instalado em seu computador. E duvido que você se preocupa em ler a “Licença de uso” quando algum programa é instalado em seu computador. Certamente que não nos preocupamos muito com isso.

    O fato de existir esta “marginalidade”, da lei do “pode tudo”, nos faz realmente sentir que podemos tudo na internet.

    Por outro lado, nos Estados Unidos por exemplo, há legislação específica, com “fiscais virtuais” atuando o tempo todo. Uma pessoa que vai instalar um programa falsificado pensa três, quatro vezes antes de fazê-lo. Antes de se inscrever em uma comunidade virtual, lê com cuidado todos os seus termos, certificando-se de que o que está fazendo está dentro da lei. O resultado disto é que os americanos exploram muito menos a internet do que nós fazemos.

    Por que aqui todos os computadores têm “Windows XP”, com o “Norton Anti-vírus 2004” (ambos pirateados, instalados por R$ 10,00 na lojinha de informática da esquina), temos o que há de mais recente na tecnologia digital, e a exploramos sem medo.

    Acredito que sob este ponto de vista, a falta de legislação atualizada e aplicada sobre a internet e computação só tem nos trazido benefícios. É evidente que se houvesse uma fiscalização atuante não seríamos mais tão curiosos digitalmente.

    Durante muito tempo ficamos atrasados em relação ao que era lançado lá fora, e na internet a democratização das informações e benefícios que ela disponibiliza é muito clara.

    Mas no dia em que formos obrigado a pagar R$ 800,00 para ter o Windows 2010 instalado em nossos computadores, e a banquinha de informática não tiver mais programas piratas para nos oferecer de graça, o Brasil-digital sucumbirá.

    É que a linguagem de internet depende de alguns programas básicos que nosso computador precisa ter para funcionar. Se não conseguirmos (ou não quisermos) pagar por esses requisitos mínimos, não poderemos acompanhar as novas tecnologias que surgirão na internet.

    Não é errado dizer que neste contexto, a falta de legislação e fiscalização é extremamente útil para nós. É por conta dela que atingimos o patamar de grande potência na rede mundial de computadores.

    Se fosse pedida a minha opinião sobre a criação de uma lei severa que regulamentasse a internet e a computação, de modo a restringir o acesso dos usuários brasileiros, eu optaria pela não criação. É que a “terra de ninguém” brasileira é relativamente pacífica. São praticamente nulos os relatos de atos de hackers brasileiros. Vez ou outra se ouve na mídia que foi tentado um golpe virtual em bancos, mas é muito rara sua frequência. Os brasileiros só querem se divertir na net. Vivem em uma “sociedade alternativa”, mas sem mazelas.

    Fernando Henrique Guedes Zimmermann
    Advogado e internauta
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