Literatura E Direito

Discussão em 'Fórum dos Neófitos' iniciado por Juliana =D, 27 de Março de 2010.

  1. Juliana =D

    Juliana =D Em análise

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    Boa noite,
    Sou acadêmica de Direito e gostaria de saber qual é a relação do livro O Processo, romance de Franz kafka, com o Direito. Quais são os pontos e em quais momentos ferem os princípios constitucionais, as obrigações idealizadas por K. ,positivas e negativas, no transcorrer da obra.
    Obrigada.
  2. Fernando Zimmermann

    Fernando Zimmermann Administrador

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  3. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    Prezado colega,


    A relação da literatura kafkaniana como um todo e o Direito é bastante profunda. O estudo desta relação amalgama-se com a Sociologia Jurídica. Como disse o Zimmermann, a leitura integral dO Processo faz-se necessária para poder compreender a complexidade e profundidade da obra. Também aconselho a ler outras obras do autor, como O Castelo, Na Colônia Penal e A Metamorfose. Kafka, quando da sua biografia, estudou Direito, mas acabou por tornar-se um burocrático servidor público. São diversos elementos de sua biografia que reflete na sua obra. A principal analogia que pode ser feita entre O Processo e o Direito é a respeito das garantias processuais e constitucionais acerca da relação Homem e Estado-Juiz. Relação de angústia e impotência. A metáfora do homem que passa sua vida e morre perante a porta da lei, sem - contudo - conseguir acessá-la, é uma feliz demonstração do sofrimento que o leigo tem diante do Direito: o simples medo do desconhecido.

    A verdade é que dá para escrever um outro livro a respeito da relação entre esta obra de Kafka e o Direito.


    Boa sorte com seus estudos. Este, com certeza, é um capítulo que vale a pena ser estudado e servirá de base para o profissional que você virá a ser um dia.
  4. Stealt

    Stealt Em análise

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    Com respeito aos nobres que expuseram de forma brilhante as informações e incentivos à colegas estudante, com todo o respeito, me parece que quem fez essa pergunta foi o professor da Srta. Juliana.

    Não sou o mais veterano do portal, mas venho acompanhando o mesmo de forma assídua. Mas me deparo muitas vezes com pessoas que preferem cortar o caminho, buscar a via mais fácil, que é perguntando para os outros.

    Não que isso seja ruim, estamos aqui para colaborar, para engrandecer a qualidade do portal.

    Mas francamente, muitas vezes vejo muito pouca boa vontade de _alguns_ colegas e "estudantes" em fazer o que? - Estudar. É sempre mais fácil perguntar.

    Veja bem, o conhecimento não é dom, é busca. Ninguém aqui sabe mais que outro. Trocamos informações, experiências, idéias, opiniões e caminhos quando um colega está encurralado em um problema, que, ao mesmo tempo, possui várias possibilidades e variáveis. É o famoso conselho, aquela opinião de quem está de fora, sempre bem-vinda.

    Srta. Juliana, a resposta para vossa pergunta é muito fácil de ser encontrada. Basta sentar-se confortavelmente e passar os olhos nas páginas da obra que, apesar de escrita na década de 20, é muito atual.

    Após isso, se tiver dúvidas ou quiser debater a respeito das implicações e princípios de nossa Constituição em relação a O Processo, gostaríamos muito de discutir a respeito.

    Ensinar a pescar é mais valioso que entregar o peixe.
    Fernando Zimmermann curtiu isso.
  5. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    Caro Gustavo Rocha,


    Concordo com suas palavras. Por exemplo, na faculdade eu escrevi um artigo a respeito desta obra. Poderia simplesmente ter disponibilizado o mesmo para que a nossa colega acadêmica usasse em seu trabalho. Mas, ao contrário, tentamos iniciar um debate e fomentar discussões, tal como a Maiêutica Socrática.

    Inclusive, ficaria bastante feliz em discutir esta obra aqui no Fórum, pois considero-a uma grande e inspiradora fonte do Direito.

    Há algum tópico em especial que o colega gostaria de iniciar um debate? A obra, o escritor, o Direito Comparado Intertemporal etc?


    Att.,
  6. Stealt

    Stealt Em análise

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    Olha Ribeiro, se formos começar o debate dessa obra, daría, sem dúvida, no mínimo, uns 15 tópicos.

    Eu li esse livro no começo da faculdade. Não lembro das minúcias, mas pelo contexto da obra, sem dúvida, creio que praticamente TODOS os princípios/garantias Constitucionais do processo podem ser analisados/incidem nessa obra. Bem como aquelas relacionadas às condições do preso (comunicabilidade e informação).

    Para não mastigar todo o assunto para a Srta. Juliana, veja o problema claro na obra a respeito das condições da prisão. Una-se o burocrático procedimento penal exposto na obra. E o principal - responsabilidade civil do estado, quanto ao desfecho da obra.

    Quanto essa última questão, sob o enfoque do nosso direito Constitucional, pois no "mundo" de O Processo, os absurdos são a normalidade, e a sentença dada, foi a "Justiça" daquele processo. Então observe que neste ponto, entramos noutro enfoque: do justo ou injusto.

    E pergunto: Poderíamos invocar Kafka e o desfecho desta obra num caso como de um empregado, que depois de 10 anos litigando, nada recebe pelo sumiço do empregador? E o nosso processo penal, que só sentencia e mantém preso pobres?

    E um desabafo: quantas Isabelas Nardoni morrem pelos confins do nosso brazilzão, sem mídia, sem metade de São Paulo, em manifestações de comportamento medieval pedindo justiça, e sem a eficacíssima perícia forense paulista solucionando o crime tipo CSI Investigação Criminal da Rede Record.

    Sem polêmica, mas creio que as Isabelas Nardoni ocultas desse Brasil, com inquéritos mofando em (sic) delegacias de polícia do interior, sejam nossas versões de Josef K..
  7. advgodoysp

    advgodoysp Membro Pleno

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    Na minha época de faculdade eu fazia meus trabalhos sozinha...rs...
    Dr. Ribeiro Júnior e Dr. Gustavo Rocha: Vcs mereciam o dez que ela vai tirar...
    Hoje estou para a guerra, me desculpe Juliana. Mas que conste minha opinião: O Dr. Ribeiro Júnior e o Dr. Gustavo Rocha fizeram todo o trabalho, agora é só imprir e colocar capa.
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  8. Stealt

    Stealt Em análise

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    Pois é Fabiana, infelizmente, estamos formando um geração de advogados meia-.boca.
    O pessoal hoje em dia não consegue escrever, só digitar. Não consegue ler livros, apenas "acompanhar na tela".

    A internet trouxe uma certa indolência, uma preguiça generalizada nos jovens. Estes não vão mais nas bibliotecas da faculdade. A leitura se tornou um pesadelo.
    O livro foi substituido pelo Google.

    Além disso, a comunicação está inintelegível, trocada por "vc", "ksa", "fds"(fim de semana...), "pq"...

    A "cereja do bolo" foi um colega que escreveu aqui no forum "convensão".
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  9. camilamattoss

    camilamattoss Em análise

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    Percorrendo os tópicos do fórum observei que uma porcentagem considerável só participa perguntando questões proposta pelo professor, sem nem mesmo ter tido o interesse na busca do conhecimento por si só. E sim, como já foi dito, querendo obter respostas pelo meio mais fácil.

    É lamentável que as coisas estejam caminhando dessa maneira, assim só demonstra o profissional que será no futuro.
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  10. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    Acredito que é um pouco chato fazer os trabalhos acadêmicos aqui no Fórum. Eu também - tal qual a Dra. Fabiana Godoy - sempre fiz minhas atividades sozinhos (muitas vezes, até quando eram em grupo). Em contraponto, também gosto muito de "lecionar" via Fórum Jurídico. Tento distinguir uma dúvida de uma questão. Muitas vezes, falta apenas um pouco mais de atenção ao professor, para ensinar o aluno. Percebo, muitas vezes, que são dúvidas conceituais que entravam todo o desenrolar do raciocínio. Portanto, imagino que devemos evitar responder as perguntas - como por exemplo um usuário muito conhecido nosso que só participa do Fórum para tirar suas dúvidas de questões de Direito Previdenciário para concursos - e sim garimpar o núcleo da dúvida e debater sobre este tema. Afinal, o Fórum Jurídico também se presta a isto. É uma questão de sutileza na hora de responder, mas que fará muita diferença.


    Cordialmente,
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  11. Felipe Bittencourt Buss

    Felipe Bittencourt Buss Membro Pleno

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    A respeito do assunto, percebo que muitos posts do fórum jurídico dedicam-se exclusivamente à resolução de trabalhos acadêmicos. Os "usuários" somente excluem o número da questão e postam o trabalho inteiro como se fosse uma dúvida. Isso é lamentável nos dias de hoje, a maioria dos acadêmicos sequer abre um livro para procurar a respeito do que lhe é perguntado.

    Como o Dr. Ribeiro Júnior, gosto de responder as dúvidas, mas acho imprescindível evitarmos responder questões em que o aluno consegue a resposta facilmente se a pesquisasse.
  12. Juliana =D

    Juliana =D Em análise

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    Dr. Gustavo Rocha, essa pergunta foi feita por mim. O meu professor ainda nem começou a falar sobre o livro O Processo, apenas está no plano de ensino dele. Mas, eu já li ( antes mesmo dele pedir ), achei muito interessante e fiquei curiosa em saber a opinião de outras pessoas a respeito do livro. Desculpe-me. Porém, não estou realizando a pergunta de nenhum trabalho acadêmico.
  13. Fernando Zimmermann

    Fernando Zimmermann Administrador

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    Juliana, coloque por escrito aqui suas conclusões, estou certo de que muitos lhe ajudarão. Sem ao menos um esboço de resposta, concordo que fica a impressão relatada pelos demais usuários.
  14. Juliana =D

    Juliana =D Em análise

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  15. Juliana =D

    Juliana =D Em análise

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    Achei a obra “O Processo” bem interessante. Pelo que eu pude perceber para compreendê-la é necessário entender um pouco como foi a vida de seu autor, Franz Kafka, repleta de angústia e frustrações. O livro é uma crítica ao sistema jurídico através da personagem Josef K. que busca comprovar sua inocência, mas não consegue. Mostra-nos a obscuridade e a falta de acesso às entidades jurídicas. Por meio do comerciante Block pode-se perceber a morosidade da justiça. K. morre “como um cachorro” após um ano de processo e sem sequer saber o motivo pelo qual estava sendo julgado.
  16. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    Exato, Juliana.


    O Processo foi a última obra de Kafka. Última obra de uma vida desaproveitada e angustiante. Além de um reflexo da burocracia que o mesmo viveu e foi ferramenta, O Processo é um reflexo do sofrimento que todo leigo sente perante a Justiça.

    Seja qual for a carreira que você venha a trilhar, nunca esqueça desta obra. Nunca esqueça como seu cliente, como a parte, como o indiciado, como seu assistido, como o homem comum do povo sente-se diante da Lei.

    Espero que tenha gostado da obra. Agora já pode começar a ler Crime e Castigo, de Dostoievski, e depois Vigiar e Punir de Foucault. São obras indispensáveis para quem quer pensar o Direito.


    Cordialmente,
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