O Silêncio De Guilherme

Discussão em 'Papo furado' iniciado por IRON LAW, 09 de Abril de 2010.

  1. DeFarias

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    Pô, Iron, você tá escondendo a rapadura....

    Conta aí, meu!

  2. OctavioCesar

    OctavioCesar Membro Pleno

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    Depois de quase 20 anos do fato criminoso, tem gente que ainda persiste em tentar achar uma justificativa convincente para o crime.

    Nunca encontrarão, pelo simples motivo de que não existe. Esta é a verdade e não há outra.

    E se houvesse um motivo plausível que eventualmente isentasse o assassino de culpa, deveria então ser discutido na justiça, e não em um programa sensacionalista de televisão ou pela clandestinidade de cafuas da Internet.

    O que há é isso: pessoas ingênuas e desiludidas com suas próprias vidas que não sabem de nada e querem ficar tentando amenizar a culpa de um criminoso já julgado e condenado pela Justiça, simplesmente por ser de modo aparente e fictício o "elo mais fraco" de uma corrente ilusória.

    É lamentável, pois se o próprio sujeito acusado não tem o que dizer, inclusive não usando da palavra que lhe foi concedida em rede nacional e nos tribunais, o que dizer então dos desocupados de plantão? (sentido amplo)

    Até parece que não existe coisa mais importante e ATUAL a ser discutida...
  3. IRON LAW

    IRON LAW Membro Pleno

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    Pelo jeito, você não captou a intenção do Guilherme (e de tantos outros ex-detentos). Ele não quer ser isentado de culpa, pois admite seu erro e pede perdão pelo que fez. Ele quer, sim, um perdão moral, diante da perspectiva de viver o resto da vida sendo desprezado e taxado de cruel, psicopata e outros adjetivos do gênero. E esse perdão moral só pode ser obtido se ele demonstrar que seu erro foi cometido sob circunstâncias que levariam a maioria das pessoas, em igual situação, a agir como ele. Exemplo: uma coisa é o marido matar a mulher para ficar com o seguro de vida dela; outra coisa é o marido matar a mulher porque a pegou mantendo relações com seu melhor amigo. Em ambos os casos, o homem será condenado. Mas somente na segunda hipótese ele terá chances de obter o perdão moral da sociedade após cumprir sua pena.

    Por que as pessoas tornam-se psicólogas quando contrariadas?? Se você demonstra reprovação a um famoso perdulário, é porque está com inveja do sucesso dele; se você comenta sobre a loucura dos malhadores compulsivos, é porque está frustrado com a própria aparência; e por aí vai. Não sei no restante do Brasil, mas isso aqui é chamado de “psicologia de botequim”.

    Como dito, há um livro proibido com a versão dos condenados. Eu só não o baixei ainda porque não confio nos sites que o disponibilizam.
  4. IRON LAW

    IRON LAW Membro Pleno

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    Baixa o livro. E depois conta pra gente suas impressões.
  5. OctavioCesar

    OctavioCesar Membro Pleno

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    Uma pessoa que já foi presa por um crime altamente reprovável pela sociedade e que está pensando em se remir perante a sociedade, JAMAIS iria a um programa televisivo sabido ser de "baixo" nível falar (veja só você) exatamente daquilo que deveria eliminar de sua vida e apagar da memória de todos.

    Isto é o que faria um homem de verdade, com caráter. Quem sabe que derrubou uma árvore e quer corrigir seu erro, planta mais duas. A sociedade depois acaba esquecendo, isto é um wipe de memória. Além de que, o povo tem memória fraca e o tempo por si só vai fazendo sua parte. (É exatamente usando desta metodologia que fazem alguns figurões). Imagine você, que a maior parte de quem viu o programa é uma nova geração que nem sequer sabia do acontecido...

    No mais, estou sentindo uma certa inconsistência do ponto de vista jurídico em algumas declarações. Mas prefiro não me aprofundar nisso.

    Vai ver porque no "botequim" depois de um copo e outro as pessoas passam a falar algumas verdades umas as outras.

    E eu penso exatamente assim. Se a pessoa ataca a Globo ou quem quer que seja sem provas, no mínimo é porque tem inveja ou só quer fazer intriga por fazer. Porque o sujeito sério vai primeiro reunir um suporte fático mais adequado a embasar fortemente seus argumentos, para daí depois buscar exatamente fazer justiça, que é o seu dever.

    Quando não tem, cala-se. (não estou falando de você, apesar de achar desnecessária tal discussão)
  6. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    Isto deixou de ser um tópico jurídico. Se continuarmos nesta linha, vamos acabar falando de extraterrestres, mediunidade, milagres, Star Trek, Harry Potter e temas congêneres. Assim, ou tratamos do assunto sob uma perspectiva séria e jurídica, ou vamos "tomar uma" em Joanópolis ou na Transilvânia.

    Nunca entendi porque chamam de Teoria da Conspiração, já que consiste em um conjunto de afirmações infundadas e hipotéticas. Rebatizaria-a como Hipótese da Conspiração. Apenas teimo em acreditar que Elvis não morreu, mas quais seriam as implicações jurídicas desta situação?

    No que dependesse de mim, este tópico estaria na seção Papo Furado. Sou apenas eu, ou mais alguém não observou um debate jurídico por aqui?


    Por favor, alguém chame o JUS EST ARS!
  7. Fernando Zimmermann

    Fernando Zimmermann Administrador

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    Esse tópico começou de uma forma, mas passou por conversas do além, forças ocultas, teorias da conspiração, e atualmente está difícil definir sua finalidade. Este não é um tópico de discussões jurídicas.

    Tópico movido para a sessão papo-furado.
  8. IRON LAW

    IRON LAW Membro Pleno

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    Legal. Assim posso falar mais à vontade.

    O SBT e a Record são rivais declaradas da Globo. Nada mais lógico que alguém supostamente prejudicado pela segunda procure uma das primeiras para tentar se defender. Ademais, os programas da Globo possuem um formato ultraeditado. Tudo é sempre mostrado de forma muito rápida e montado segundo a conveniência da emissora. Já os programas sensacionalistas são feitos sem cortes e tentam estender ao máximo a atração que dá IBOPE. A despeito do tiro ter saído pela culatra (talvez pela interferência direta ou indireta da emissora global), a estratégia do Guilherme mostrou-se correta.

    Certos crimes são indeléveis na memória do povo. Por tudo o que o envolveu, o caso Daniela Perez é um exemplo clássico. Bastou o Ratinho anunciar a presença do Guilherme de Pádua (quase vinte anos após o crime) para o seu programa obter picos de audiência.

    Certos criminosos ficam estigmatizados e fogem à regra geral. Guilherme de Pádua e Alexandre Nardoni - assim como ocorreu com João Acácio (vulgo Bandido da Luz Vermelha), Lúcio Flávio e alguns outros – não terão seus nomes registrados para sempre apenas na memória do povo, mas também na história criminal do país.

    Por ora, não vi declarações jurídicas neste tópico. O que poderia se discutir em tese é a possibilidade do Guilherme incorrer em algum crime caso resolva divulgar sua versão abertamente.

    Na verdade é porque no botequim as pessoas falam sem base acadêmica, além de fazerem discursos viciados por impressões emocionais.

    Em uma ação real, com certeza; em uma discussão em tese, não necessariamente.

    A Globo, desde que recebeu a concessão do regime militar em circunstâncias discutíveis, tem um histórico de manipulação. Quem não lembra, por exemplo, da que foi feita em 1989 no debate Lula X Collor?

    Conheça os bastidores de uma das mais graves e escandalosas fraudes políticas da história do Brasil: A Globo monta um debate especialmente para deter Lula... e eleger Collor... Saiba como a Rede Globo manipulou e editou o debate dando a Collor a margem de 1% sobre Lula o levando a ganhar as eleições.
    "...foi um crime com flagrante delito..." - Presidente da Associação dos Jornalistas do Brasil.

    http://cidadaokane.br.tripod.com/

    Antes do Collor ser eleito, eu fiz uma “aposta” com alguns colegas de farda (eu era tenente na época). Eu disse: vocês, eleitores do “caçador de marajás”, se arrependerão na primeira semana do mandato dele. Mas não foram necessários sete dias para minha profecia se concretizar. No primeiro, ele confiscou o dinheiro da poupança de todos os brasileiros. Inclusive o meu.

    Discussões jurídicas não são compostas apenas de debates legais. Isso é reduzir o Direito a um amontoado de regras frias. A questão da honra dos réus penais, dos condenados e dos criminosos reabilitados é um tema relevante.

    Não duvido que, tal qual acontece com muitas minorias, essas pessoas sejam protegidas em breve por uma lei anti-discriminação.
  9. IRON LAW

    IRON LAW Membro Pleno

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    Na entrevista concedida por Guilherme ao Ratinho, ele reclamou de uma psiquiatra que o qualificou de psicopata. Logo imaginei tratar-se de Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado”, emprestado a mim por um parente. Conforme faço há algum tempo, hoje fui lendo-o no metrô a caminho da cidade. E realmente me deparei, no Capítulo 7, com uma análise do perfil do Guilherme.

    Um aparte: tal qual deduzi em mensagens anteriores, a autora diz logo no começo da narrativa: “Um crime que teve repercussões mundiais e que dificilmente será apagado da memória do público brasileiro”.

    Seguindo:
    Três subtítulos me pareceram especialmente interessantes: “As versões sem cabimento de Guilherme”, “Crime passional ou premeditado?” e “Por que Daniella foi morta? Qual a verdadeira motivação do crime?”. Ao final deste último, um trecho me despertou um insight. Diz Ana Beatriz: “Na realidade, a tendência natural de todos é sempre buscar explicações lógicas que justifiquem um ato tão cruel. No entanto, para pessoas com mentes perversas, qualquer motivo é motivo”. Aposta às palavras da autora, está uma interessante análise do psicanalista Luiz Alberto Py, que termina com a seguinte frase: “Não é um tipo de crime que tenha uma explicação dentro da lógica natural do ser humano”.

    Meu insight foi o seguinte: talvez eu esteja errando ao dar credibilidade ao Guilherme por querer me ater à lógica natural das coisas. A lógica nesse caso pode estar centrada justamente na ilogicidade comportamental aparentemente lógica do psicopata.

    Ao terminar a leitura, me espantou o poder de persuasão que um simples texto pode ter. Por alguns instantes, fiquei totalmente convencido de que o Guilherme não está reabilitado coisa nenhuma e que ele matou sem a presença de qualquer razão minimamente aceitável. (De qualquer forma, eu gostaria de ter acesso ao livro do Guilherme para ter um contraponto)

    Neste momento, confesso estar vivenciando uma certa confusão mental quanto a esse assunto. Desde que iniciei a leitura do livro da Ana Beatriz, captei uma certa raiva da autora em relação aos psicopatas, o que é um contrassenso, pois essas pessoas não têm culpa de terem nascido com uma mente incapaz de nutrir sentimentos por seus semelhantes. Pode ser que minhas impressões estejam erradas, mas a psiquiatra parece querer justificar esse asco com uma teoria exposta nos Capítulos 1 e 2. Mal exposta a meu ver. Ela afirma que “ser consciente é ser capaz de amar”, que os psicopatas “são desprovidos deste sentido” e “desprovidos de culpa ou remorso” (denotando uma psicopatologia), afirmando, por outro lado, que “seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista”. Esse discurso me parece bastante paradoxal. E por isso não fiquei totalmente convencido de que o Guilherme realmente é um monstro indigno de perdão.

    Se alguém leu esse livro e quiser debater o assunto a título de papo furado, estamos aí.
  10. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    Mas Iron - sem adentrar no lado religioso da situação -,

    Você acredita mesmo que existam pessoas que não merecem perdão? Não sei se pelo fato de estar militando atualmente na seara criminal, venho sempre exercitado a minha "criatividade para desculpas". Costumo dizer que defendo o criminoso, e não o crime. Mas suas palavras iniciaram uma certa crise de consciência na minha cabeça. Acredito que ninguém transgride uma norma gratuitamente, há sempre um motivo por trás. A distinção para a Justiça está sempre no fato desta justificativa para o crime ser enquadrado como aceito pela maioria da sociedade ou não.

    Imagino que estou um pouco perturbado mentalmente agora. Estava lendo Nietzsche e agora estou escutando Benito Di Paula. Esta salada deve ter afetado-me.

    A verdade é que continua a incomodar-me a condenação da mídia em certos casos. Já se chama a mídia de um dos poderes da Democracia. Na realidade, entendo como um poder oligárquico que elege mocinhos e bandidos no nosso cotidiano. Para mim é simples, ou Guilherme de Pádua é um psicótico digno de pena, ou Guilherme de Pádua é um homicida que - arrependido ou não - está quite com a sociedade, portanto livre. Mas a mídia condenou ele e toda uma geração familiar para todo o sempre dos arquivos dos jornais.
  11. Fernando Zimmermann

    Fernando Zimmermann Administrador

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    Meus amigos, como conta o dito popular, "a ocasião faz o ladrão", de maneira que qualquer ser humano, inclusive os mais puros, têm o potencial de cometer crimes. Os exemplos são vários: padres pedófilos, pastores de igreja que destinam o dinheiro em benefício próprio, médiuns charlatões, para citar alguns.

    A questão é que uma vez que um ser humano se submete a suas paixões, ou desejos, ou impulsos, ou o nome que queira dar, uma vez descoberta tal prática, há a reprovação social. Alguns delitos possuem alta tolerância pela sociedade, como jogo do bicho; outros são considerados mais sérios, porém caem no esquecimento mais rapidamente, como furto; há os que marcam pela agressão, deixando marcas mais profundas, porém também são perdoados pelo tempo, como lesões corporais, sequestro; e por fim, há os que marcam de uma tal forma que a sociedade não perdoa nunca, ou demora muito para perdoar, como o homicídio, a variar da crueldade e das qualidades da vítima do homicídio. Nesse patamar incluem-se o maníaco do parque, a Richtoffen, o champinha, os Nardoni, o bandido da luz vermelha, o Guilherme de Pádua.

    Creio que Guilherme de Pádua não é psicopata, mas por algum motivo passional, que na verdade não interessa qual, cometeu essa barbaridade sem sentido contra uma pessoa pública, adorada pela sociedade, e que estava em seu auge, sendo vista todo dia na novela. Por conta destes contornos quase que surreais (o mocinho da novela matar a mocinha da novela), o crime marcou de tal forma que será difícil à sociedade perdoá-lo e tê-lo como pessoa de bem, mesmo que nunca mais cometa crimes. Talvez apenas na velhice.
  12. DeFarias

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    Eu tenho medo é do Febrônio...
  13. OctavioCesar

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    Não acho. Guilherme de Pádua: psicopata nato. Ele consegue enganar até a mãe com esse jeitinho de bom moço. Claro que a mim não engana. Eu sei o que é um mau caráter. E só há uma coisa há ser dita: Não há lógica na falta de lógica, assim como não há realidade em uma fantasia. (da mesma forma que existem coisas inexplicáveis, como a própria vida). Para explicar a vida, sempre surgirão aspectos religiosos (não lógicos) e tudo acaba ficando prolixo e ilógico como no início. (assim como está fadado a acontecer a esse tópico).

    Quem tem uma certa malícia é mais difícil de cair na malícia dos outros. É como ser vítima de um estelionatário natural que usurpa sua própria consciência. (não estou dizendo que Suzane von Richthofen é inocente, apenas uma psicopata passiva, aparentemente mais "sem noção" do que essencialmente má).

    E eu discordo que a lembrança da sociedade está ligada ao tipo do crime relacionado. Ninguém está nem aí pro Pimenta Neves e o dele foi tão vil quanto ao do em comento.

    A diferença está na malícia e na conduta do agente. Um cria mais fantasias a si próprio e nos outros do que outro.
  14. Fernando Zimmermann

    Fernando Zimmermann Administrador

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    Ele é um assassino, condenado pela justiça, crime bárbaro. Agora, desculpe, mas eu realmente não consigo considerar psicopata alguém que cometeu apenas um delito, ou pelo menos apenas um delito grave, e até hoje, 18 anos após, nunca mais cometeu mais nenhum crime de qualquer natureza.
  15. IRON LAW

    IRON LAW Membro Pleno

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    Ribeiro,
    antes de mais nada, uma pergunta: quem aqui falou em religião??? Não fui eu.

    Quando abri este tópico, foi justamente para defender o direito ao perdão moral de qualquer criminoso quite com a justiça. No caso do Guilherme, esse perdão dependeria, entre outras coisas, de uma desconstrução de sua imagem de psicopata incorrigível, o que talvez desinteressasse a certos poderes.

    Mas... deixando as paranóicas teses conspiratórias de lado e centrando a atenção no “direito” ao perdão, temos duas possibilidades:
    1- O Guilherme é um ser humano normal, deixou-se levar por certas emoções e cometeu um grave destempero eventual, arrependendo-se posteriormente. Nesse caso, ele é merecedor de perdão.
    2- O Guilherme é um psicopata, incapaz de sentir emoções ou arrependimentos. Nesse caso, ele não tem como ser perdoado.
    Obs.: essa impossibilidade de perdoá-lo nada tem a ver com mágoa, vingança ou coisa que o valha, mas com um imperativo lógico: todo e qualquer perdão pressupõe prévio arrependimento do ofensor. Se ele é incapaz de arrepender-se, ainda que por imposição de sua própria natureza, não há como ser perdoado.

    Antes de ler o Capítulo 7 de “Mentes Perigosas”, eu estava desconsiderando a segunda hipótese como uma possibilidade crível. Para mim, tinha que haver uma lógica por trás de todo o ocorrido. Mas, conforme exposto por Ana Beatriz, caso o Guilherme seja mesmo um psicopata, essa lógica, apesar de ter existido, só fazia sentido para ele.

    Resumindo em miúdos: apesar de eu ter desconsiderado essa possibilidade a princípio, talvez o Guilherme tenha mesmo agido sem uma razão minimamente aceitável e nunca tenha se arrependido do crime. Sendo assim, ninguém estaria ocultando nada. E adeus teorias conspiratórias.

    Ribeiro disse: “A distinção para a Justiça está sempre no fato desta justificativa para o crime ser enquadrado como aceito pela maioria da sociedade ou não.
    Conforme eu havia dito antes, essa distinção é muito mais importante para se obter o perdão moral do que no julgamento.

    Segundo Ana Beatriz, Guilherme cometeu o homicídio porque Daniella não estava agindo junto à mãe, autora da novela, para favorecer seu personagem na trama. Se isso for verdade, temos um motivo para o assassinato. Mas esse motivo só soa lógico na mente de um psicopata. Para as pessoas normais, é um motivo inaceitável e indigno de perdão.

    Ribeiro disse: “A verdade é que continua a incomodar-me a condenação da mídia em certos casos.
    E a mim também. Muito antes do julgamento dos Nardoni, por exemplo, eu havia aberto um tópico para criticar a ação escandalosa da mídia e defender o direito à dignidade dos réus.

    Abs.
  16. IRON LAW

    IRON LAW Membro Pleno

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    O Octavio jura que o Guilherme é psicopata. O Fernando afirma o contrário. Eu fiquei em dúvida após ler o Capítulo 7 de “Mentes Perigosas”. Mas... se não é, por que a mídia insiste em passar essa imagem de louco insensível sempre que fala dele? Por que o ameaçam quando ele ensaia contar sua versão? (obs.: as três supostas versões de Guilherme narradas por Ana Beatriz são realmente ridículas)
  17. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    Iron,


    Quando eu falei que não queria adentrar no aspecto religioso do perdão, foi justamente por este tema andar pari-passu com as doutrinas religiosas. Ninguém aqui levantou tal hipótese. Como eu mesmo me vi "pregando" o perdão aqui no tópico, quis de plano salientar que não era uma posição religiosa. Portanto, não se trata de nenhuma indireta para o colega, mas apenas uma ressalva para aquilo que eu mesmo iria escrever. Você - como diria minha saudosa avó - "sempre vem com quatro pedras na mão".

    Ademais, a respeito das duas hipóteses que aqui construímos sobre o crime cometido por Guilherme de Pádua - a saber, ser ele psicopata ou homicida passional -, discordo da situação de não perdoar o psicopata. Sabe-se que a psicopatia, sociopatia, sexopatia, dentre outros, são distúrbios mentais que alteram a cognição do ser humano ao quanto seja certo ou errado. Assim, imagino que uma pessoa que cometa qualquer ilícito sob a rubrica de uma destas psicopatologias estaria previamente perdoado pela sua conduta. Tal como o cleptomaníaco furta por compulsão, o psicopata irá matar. Estas pessoas são dignas de perdão e merecedoras de tratamento.

    Tem uma certa frase de Nietzsche que assim diz: "Uma visita ao hospício mostra que a fé não prova nada". Longe de adentrar no ateísmo, gostaria de usar o sentido contrário desta construção. É importante perceber que o atávico não tem consciência de seus atos, bem como da ilicitude praticada. Assim, estes já merecem ser perdoados de antemão, não só pela sociedade, bem como pela Justiça. Mas é lógico que perdoar não significa liberá-los para darem continuidade aos seus estímulos primitivos. Perdão, sim. Tratamento, também.

    O homicídio é um crime fabuloso, que aproxima a humanidade da divindade, já que dá-nos o poder antagônico de tirar a vida.
  18. DeFarias

    DeFarias Membro Pleno

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    :eek:

  19. Ribeiro Júnior

    Ribeiro Júnior Membro Pleno

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    DeFarias,


    Eu tenho problemas sérios com linguagem não-verbal pela internet. Poderia traduzir para mim e quem sabe participar de um debate verbal?
  20. IRON LAW

    IRON LAW Membro Pleno

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    Ribeiro,
    você está com uma certa prevenção em relação à minha pessoa. Eu não julguei suas palavras como uma indireta, muito menos iniciei minha última mensagem com quatro pedras na mão. Ao contrário, tentei ser descontraído, até porque estamos papeando furado. Releia a frase imbuído desse espírito e talvez você consiga vê-la dessa forma:
    Isso me lembra a ocasião em que um editor, em conversa via e-mail, começou a ser monocórdio comigo. Quando finalmente nos encontramos pessoalmente, ele apressou-se em justificar sua atitude, dizendo algo como: “desculpe ter sido rasteiro nas últimas mensagens, mas eu estabeleci uma regra com base na experiência: não me estendo em diálogos escritos porque, nesses casos, cada um interpreta o humor do outro com base no seu próprio. Frequentemente, autores se aborreciam comigo por acharem que eu estava sendo debochado ou agressivo, quando, na verdade, estava sendo espirituoso e tentando deixá-los à vontade”.

    Como eu entendo o perdão da forma como expus na última mensagem, eu diria que os psicopatas são merecedores de tratamento e compreensão, não de perdão. Eu entendo o perdão como uma atitude necessariamente de duas vias. Como perdoar alguém incapaz de se arrepender? De qualquer forma, a despeito de nossas divergências “técnicas” quanto ao termo “perdão”, nosso pensamento, no fundo, é exatamente o mesmo.
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